sábado, 2 de fevereiro de 2013

Holanda e Amsterdã


15 de abril, domingo
BRUGGE – AMSTERDÃ

Os dias de trânsito, principalmente quando envolvem viagens mais longas, acabam ficando muito cortados. Saímos de Brugge às 10h e fizemos conexão em Bruxelas para pegar o trem até Amsterdã. Chegamos à estação central às 15h30 e pegamos um táxi para o apartamento, onde a sobrinha da dona nos esperava. A localização é espetacular, atrás da praça dos museus, num bairro residencial lindinho, com prédios baixos de tijolos, que lembram os de Nova York.
O apê também é ótimo. Fica num prédio tipicamente holandês, com a fachada estreita e dois apartamentos no prédio, um no térreo e outro no segundo e terceiro andares. Subindo o primeiro lance de íngremes degraus, chegamos à sala de estar, jantar e cozinha. Mais um lance de escada e chegamos aos quartos e banheiros. E ainda tem um terraço super agradável, que, infelizmente, estava frio demais para usarmos.
Nos instalamos e fomos até o Rijks Museum. Infelizmente, grande parte do museu está fechada para reforma. Então, eles prepararam uma exposição paralela, com as principais obras-primas do museu, reunindo 400 quadros que ilustram a Era Dourada Holandesa, com os famosos Jan Steen, Frans Hals, Vermeer e Rembrandt.


Passeamos um pouco pela Museum Plein, que é muito ampla, rodeada por lindas residências. Antes de voltar para casa, passamos no supermercado. Adoro fazer compras em outros países, mas confesso que não saber a língua dificulta um pouco e dá um certo desânimo.
Ainda saímos para um jantar rápido numa brasserie super Chiquinha (Keyzer), ao lado do Concertgebouw, por onde tínhamos passado mais cedo na tentativa de assistir a um concerto (caros...).
Estava ótimo e a garçonete foi super simpática ao receber nossos simples pedidos: uma entrada e uma sopa.

16 de abril, segunda-feira
AMSTERDÃ

Hoje, fizemos um passeio que englobou os Canais do Sul, um pouco do bairro judeu e um pouco do centro histórico.



De casa, fomos andando até o Voldenpark, um parque bem grande e bonito, criado em 1864, com várias pessoas correndo, passeando com o cachorro e, claro, andando de bicicleta. Por falar nisso, faço o primeiro parênteses para falar do trânsito caótico de Amsterdã. Dá um pouco de medo e insegurança andar na rua. Tem uma faixa para carros, outra para ônibus, outra para os trams e, finalmente, uma para as bicicletas, que surgem de todos os lados, a toda velocidade e têm sempre a preferência. Isso mesmo, a preferência não é do pedestre, é da bicicleta. Confesso que fiquei com medo de levar uma guidãozada na barriga. Ainda sobre as bicicletas, não é possível que todas as bicicletas largadas / estacionadas na rua tenham dono. São milhares, empilhadas em todas as calçadas, obviamente roubando o espaço dos pedestres e enferrujando e enfeiando a cidade. Para terminar sobre as bicicletas, também é possível alugá-las. Mas as bicicletas alugadas para turistas são de outra cor, para que os locais saibam que podem esperar algum tipo de barbeiragem, como os carros de auto-escola.
Bem, voltando ao Voldenpark, lá fica a estátua de Joost van del Vondel, poeta do século XVII, em homenagem a quem o parque foi construído. Saímos pela Vondelstraat e caminhamos até o número 140, onde fica a Hollandsche Manege, uma das mais belas escolas de montaria da Europa, e a mais antiga. A construção renascentista é de 1882. No interior, tem dois belos picadeiros e estábulos para 50 cavalos.



Seguindo caminho, no número 120, passamos pela Vondelkerk. Trata-se de um santuário gótico, onde hoje funciona uma empresa. Como a construção parece uma igreja, tem uma placa para os turistas desavisados: although it seems, we are not a church!
Passamos na Avis para reservar o carro e continuamos até a Leidseplein, uma pracinha cheia de cafés. Aí fica o American Hotel, que tem um café em estilo art déco, com vitrais Tiffany. Vale a pena entrar e dar uma olhada, mesmo sem sentar para comer.
Na mesma praça, fica o Stadsschouwburg, o Teatro Municipal. E daí começa a rua peatonal Leidsestraat, cheia de comércio, com boas lojas, incluindo uma de queijos bem bacana (Henri Willig). Também nessa rua fica a loja de departamentos Metz & Co.
Virando no Herengracht, o canal dos senhores, chegamos ao Gouden Bocht, o quarteirão de ouro. Ao longo desse canal, ficam as casas mais ricas, com fachada e escadaria dupla, em vez das estreitas casas holandesas. Elas têm um estilo clássico e uma decoração mais exuberante nas fachadas, incluindo os números 475 e 476 (com colunas coríntias).
Virando no canal Singel, fica o Bloemenmarkt, um mercado de flores e bulbos à margem do canal, com vários cafés, restaurantes e lojas de souvenir, além, claro, das milhares de vendinhas de flores e bulbos.


Em seguida, chegamos a Muntplein, a praça da moeda, a entrada para o centro histórico, onde fica também a Munttoren, torre da Moeda, vestígio do primeiro cinturão que cercava a cidade.
Almoçamos num restaurante muito simpático e econômico, na Nieuwe Doelenstraat, cheio de gente local, chamado De Jaren. Descendo por uma rua peatonal, passamos pelo Tuschinski Theatre, que tem uma fachada realmente exuberante e hoje é uma sala de cinema, com decoração art déco. Só a fachada já é incrível. Se estiver viajando com tempo e a fim de ver um filme, a pedida é ir ao Tuschinski.
Chegamos a Rembrandtplein, um local bem com pinta de turístico, do agito, cheio de cafés moderninhos. Descendo pelo Reguliergracht, passamos também pela Torbeckenplein, uma pequena pracinha onde antes funcionava um mercado de manteiga. (Adoro lugares cheios de história!)
Desde esse canal, tem um ponto em que dá para ver sete pontes em sequência. Vale a pena flanar por aí, procurando o ponto certo.
Subindo pela margem do Amstel, o único rio dentre tantos canais, passamos pela Magere Brug, ponte com eclusas que ajuda na troca das águas dos canais da cidade.
Passamos em frente ao Hermitage Amsterdã, “filial” do Hermitage de São Peterburgo. Eu queria ter ido, seguindo a super dica da Rapha da exposição temporária de Rubens e Van Dyck. Mas, em vez disso, fomos ao Museum Willet-Holthysen, uma típica residência de luxo do século XVII, às margens do Herengracht, elegantemente decorada e mobiliada, com coleções de cerâmica, quadros e objetos, seguindo ao máximo os costumes da época. Por mais que a fachada fosse maior que o normal, eu nunca imaginaria que a casa era tão comprida, com um jardim enorme ao fundo. Adorei e vale muito a pena!
Pela Blawbrug, ponte “inspirada” na ponte Alexander III de Paris, chegamos à Waterlooplein, o coração do bairro judeu, Jodenbuurt, com um mercado de pulgas muito chulepento. Passamos em frente a Rembrandthuis, a casa de Rembrandt. A fachada antiga tem o nome dele e a data de construção, mas a entrada é pelo prédio moderno que fica ao lado. Não fomos.
Subimos o Kloveniersburgwal, até Nieuwemarkt. No caminho, passamos pela Trippenhuis, duas mansões geminadas dos irmãos Tripp, com chaminés em forma de canhões. Na Nieuwemarkt, fica o portal mais antigo das muralhas da cidade, De Waag. Essa praça é o ponto de encontro entre os bairros judeu, chinês e o Red Light District.
Daí, pegamos um táxi de volta para casa, para preparar nosso jantar especial, para o convidado especial.

17 de abril, terça-feira
AMSTERDÃ

O passeio de hoje começou pela Centraal Station. De lá, saem os passeios pelos canais. Tem várias empresas diferentes, todas mais ou menos com o preço e com as mesmas opções. Procuramos por uma cujos horários nos atendessem. Confesso que achei o passeio bem decepcionante, principalmente se comparado com o de Brugge (rápido, objetivo e encantador). Dura umas 2 horas, o que eu achei extremamente longo. Fiquei com tanto sono que tive que abrir uma frestinha da janela para deixar entrar um ar gelado e me manter acordada. Passamos pelo Nemo, um museu marítimo, obra do arquiteto italiano Renzo Piano.


Além disso, ao longo dos canais, vimos algumas das 2.500 house boats que existem em Amsterdã. E passamos pelo ponto de observação de onde se veem as sete pontes (entre Herengracht e Reguliersgracht).
O passeio termina também na estação e daí fomos caminhando pela Damrak. Parece o centro da cidade, bem agitado, cheio de lojas de quinquilharia e restaurantes suspeitos. Passamos em frente à Bolsa (Beurs van Berlage) e pela Oudekerk (que estava fechada). Nos embrenhamos pelas ruas do Red Light District, passando em frente a uma loja de camisinha, lojas de souvernirs com presentes mais do que sugestivos, vários bares para consumo da erva e também, claro, as famosas vitrines de prostitutas. Nosso passeio foi de manhã, então não sei se essa é a hora das prostis, mas as que vimos eram decepcionantemente tenebrosas.
Em seguida, chegamos à praça do Dam, onde fica o Palácio Real, a Nieuwe Kerk e o National Monument. A praça é bem ampla, com todas essas construções imponentes ao redor.
Daí, seguimos caminhando em direção aos canais do norte. Primeiro, passamos por Torenluis, onde ficam os diques dos canais. Continuamos por Liliegracht, um canal lindo, com casas lindas e uma atmosfera muito bucólica. Aí fica a casa da Anne Frank, onde, infelizmente, não entramos...


Pelo canal Egelantiersgracht, chegamos a Jordaan, o bairro popular e operário. A diferença das outras áreas da cidade é bem marcada, mas não por isso é menos bonito e charmoso.
Na volta, já chovendo um pouco, passamos pelo Begijnhof, um espaço recluso e protegido, no meio da cidade, onde moram as béguines, solteiras ou viúvas que fazem parte da comunidade religiosa. Para nós, são as famosas carolas. O local é realmente muito pacífico e silencioso. Difícil de imaginar que estamos no meio de uma cidade grande.


À noite, fomos jantar no Restaurant Fifteen, do Jamie Oliver. Na verdade, o Jamie administra e seleciona 15 chefs por ano para a cozinha do restaurante, mas ele só vai lá uma vez por ano... A comida era boa, mas o cardápio não tinha muito opção. Valeu a pena mais pelo lugar e pelo ambiente do que pelo jantar em si.

18 de abril, quarta-feira
AMSTERDÃ

Saímos de casa e fomos até a locadora para buscar o carro. Escolhemos várias cidades para o passeio do dia de hoje, todas mais ou menos perto uma da outra e de Amsterdã (em média 30km). O único problema é que cada lugar é numa direção...
Primeiro destino: Keukenhof, o parque das flores, que fica aberto aproximadamente dois a três meses por ano (março, abril e maio). Então, se você estiver em Amsterdã nessa época do ano, é absolutamente imperdível! É um festival de flores, com mares de cores se espalhando pelo chão. Antes de chegarmos lá, tem umas plantações de tulipas no caminho que são lindas, com extensos tapetes coloridos. Só isso já é tão bonito que minha mãe achou que fosse o Keukenhof... Imagina então como é um parque lindo, todo cuidado, que só abre durante três meses por ano, e totalmente dedicado às flores? Inenarrável! As fotos falam por si só.




Em seguida, fomos a Volendam, uma cidade de pescadores. Chegamos na hora do almoço e comemos num bar no cais do porto. Demos um passeio curtinho, porque o local era meio sem gracinha. Fiquei com a impressão de que não encontramos o lugar certo, o bochicho.

A terceira cidade foi Edam, bem pertinho de Volendam. Edam é a cidade dos queijos e moinhos de vento. É bem pequena e bucólica, tranquila. Durante uma parte do ano, tem uma feira de queijo bem famosa. São cidades pequenas, com passadas rápidas, mas essa vale bastante a pena.


A quarta cidade foi Marken, um dos vilarejos considerados mais autênticos (não sei até onde é autêntico e até onde é para atrair turista). É como se o tempo tivesse esquecido de passar. As holandesas ainda se vestem os trajes típicos. Todas as casas são de madeira, pintadas de verde e as ruas bem estreitas. Quando chegamos já era meio tarde, então não tinha mais ninguém pelas ruas, muito menos holandesas de tamancos.


A quinta é última cidade de um dia lotado foi Naarden, talvez a mais bonita e pitoresca de todas (concorrendo com Edam). É uma cidade totalmente fortificada e cercada por um fosso. É bem mais sofisticada que os outros vilarejos, com vários restaurantes elegantes. Deu até vontade de ficar e jantar num deles, mas estava começando a chover e não queríamos chegar muito tarde a Amsterdã, já que a saída da cidade tinha sido bem estressante. Então, demos uma volta e encerramos o dia com um jantar aconchegante no nosso apartamento.



19 de abril, quinta-feira
AMSTERDÃ

Tínhamos apenas uma manhã antes de ter que sair do apartamento e ir para o aeroporto, então aproveitamos para ir até o Museu Van Gogh, bem pertinho da nossa casa e mais do que recomendado. É realmente imperdível, um must go de Amsterdã (principalmente depois de ter deixado passar a casa da Anne Frank). Tem as correspondências que ele trocava com o irmão, rascunhos, explicações de cada etapa da vida dele e alguns dos quadros mais conhecidos, como “O Quarto” e “Os Girassois”, dentre tantos outros. 

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