quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Vale do Loire - Fontenay, Natalie e o Loire

Viagem França 2010 / 2011 - Parte 4

Dia 8 - 05 de janeiro de 2011, quarta-feira
Este foi um dia de trânsito. Tivemos que arrumar as malas de 1 semana de uso e compras e deixar o nosso apartamento!
Pegamos o carro e saímos de Paris, em direção ao Vale do Loire. Fomos sem GPS, usando apenas um mapa (que compramos na estrada) e o mapa do iPad, que, no final das contas, foi muito melhor que o GPS. Ele mostrava as microcidades no detalhes. Foi ótimo mesmo! (Mas depois, na Normandia, deu pau. O iPad não baixava mais os mapas sem internet...)
Tentamos parar em Chartres para almoçar, onde fica a maior catedral gótica da Europa. É realmente enorme e bem imponente, no topo da cidade. Como já eram mais de 15h, todos os restaurantes estavam fechados. O tempo estava bem feio, então achamos melhor comer um sanduíche e seguir caminho.
O nosso destino final era o Le Clos de Fontenay, um chambre d'hôte (http://www.leclosdefontenay.com/). São pessoas que alugam quartos das suas casas, como se fosse um bed and breakfast. No nosso caso, era um castelo lindíssimo.

Além da casa principal, o castelo tem duas casinhas menores aos lados. (Do lado esquerdo da foto, dá até para ver uma pontinha.) São as chamadas gîtes. É uma casa com sala, cozinha, sala de jantar e mais de um quarto. Como os quartos da casa estavam em reformas, ficamos na gîte pelo mesmo preço.


Nas nossas conversas matutinas com a Natalie, dona do château, ela contou que, junto com o marido, compraram o castelo há quase 5 anos, para acomodar toda a família, que é bem grande. (Eles têm 4 filhos, ela tem 3 irmãos e ele também.) O marido trabalha em Paris e vai para o Loire nos fins de semana. A propriedade também tem uma vinícola e eles exportam vinho. Ganhamos duas garrafas de presente! Além disso, o rio Cher passa em frente à casa e, no verão, eles se banham no Cher.

Bem, quando chegamos ao château, já estava escuro. Eram mais de 6 horas. Deixamos as coisas e saímos para jantar em Amboise, que fica a uns 10 km. Quase tudo na cidade estava fechado, mas achamos um restaurante bem simpático e com boa comida: Chez Hippeau. (*Detalhe apenas para a garçonete, que não devia tomar banho há umas 2 semanas. Que costume horrível esse dos franceses!)

Dia 9 - 06 de janeiro de 2011, quinta-feira

O dia começou no castelo, com o café da manhã preparado pela Natalie. As geleias, o bolo e o suco de laranja eram todos hand made. Só fiquei na dúvida do pão. É tudo muito bem cuidado e arrumado, desde os talheres, até a lareira acessa. Puro glamour!


Saímos do nosso château para ir ao Château de Chenonceau, construído sobre o rio Cher. O castelo foi um presente de Henrique II à sua preferida, Diane de Poitiers. Mas, após a morte do rei, sua esposa, Catarina de Médicis, exigiu o castelo de volta. (Adoro romance histórico e histórias de reis e rainhas!!! Se alguém tiver algum, pode me indicar e emprestar.)
Catarina de Médicis foi a responsável pela construção das galerias sobre o Cher, em cima da ponte que já havia sido erguida por Diane. Os jardins também foram crescendo à medida que o castelo mudava de mãos.
Chenonceau é conhecido como o castelo das damas, porque todas as modificações importantes foram realizadas por elas.
Embora fosse inverno, os jardins estavam muito bonitos, mesmo que não totalmente floridos. Entramos por um jardim enorme, que tem até um labirinto. Na frente do castelo, ficam os jardins de Diane de Poitiers e, atrás, os de Catarina de Médicis.
A imagem do castelo sobre o rio é impressionante, de uma criatividade e ousadia enorme! Eles tiveram até que mudar ligeiramente o curso do Cher.


O audioguia de Chenonceau é muito bacana. É um ipod que mostra a imagem dos ambientes ou quadros que estão sendo mencionados. Muito melhor do que dizer: o terceiro quadro à esquerda da cama...
O castelo é divido na torre principal e na galeria sobre o rio. Sobre o rio, fica o salão de baile. (O segundo andar estava fechado.). Na torre principal, ficam os quartos, cozinhas e demais ambientes.
As cozinhas deste castelo são os aposentos mais interessantes, muito bem decorados e paramentados. Durante a II Guerra, elas se transformaram em um hospital para soldados.


Daí, continuamos até Amboise. Passeamos um pouco pela pequena cidade e comemos um croque monsieur para não perder tempo com o almoço, afinal os castelos fecham as 17h. Se ficarmos 1h sentamos comendo, não conseguimos ver tudo...
Primeiro, fomos ao Clos Lucé, o castelo onde Leonardo da Vinci passou os últimos três anos da sua vida e morreu. O quarto e o escritório estavam fechados para visita e o restante da casa não tinha nada demais. A parte mais legal era a sala das maquetes, que incluía também vídeos explicativos (bem didáticos e nada longos ou cansativos) e rascunhos de cada invenção.
No jardim, tem várias das invenções em tamanho real, com mecanismos que realmente funcionam. Levantamos uma pedra através de roldanas, giramos o pirocóptero, etc.


Então, fomos ao Chateau Royal d'Amboise. Subindo a rampa, chegamos aos jardins do castelo. Na capela à esquerda, dizem que estão enterradas as cinzas de Leonardo da Vinci.
No castelo, construído em L, há vários salões decorados à moda de Francisco I, o rei que mais mandou nos castelos do Loire. A Tour des Minimes, um dos pontos principais do castelo, é uma rampa enorme, que leva até o topo do castelo. Cavaleiros podiam subir a cavalo por aí.



Terminamos o dia em Loches, uma cidade que está um pouco fora do circuito tradicional do Loire, mas que nos foi indicada pela Natalie. Além da cidade moderna, fomos caminhando até a cidade medieval, ainda murada, com enormes e imponentes portões góticos. Caminhamos até o topo do Logis Royal (o castelo) e ao Donjon (a masmorra), que domina a paisagem de toda a cidade.
Como já eram mais de 17h, os dois estavam fechados, mas, enquanto descíamos, a cidade medieval se iluminou! Foi lindo ver tudo iluminado e valeu super a pena, embora não tenhamos entrado na masmorra.


Descemos até a cidade e sentamos para tomar um porto, enquanto esperávamos o restaurante abrir. No fundo, a questão do horário de funcinoamento é super compreesível. Esse restaurante abriu para três mesas. Só três mesas! Ninguém se sustenta assim. E era ótimo!

* Detalhe para o francês que largou a bicicleta com um pão preso no assento de trás e sentou com amigos para beber do nosso lado. Só que começou a chover. É muito francês mesmo... (Só não sei se dá para ver bem na foto.)

Dia 10 - 07 de janeiro de 2011, sexta-feira

Para o café da manhã de hoje, a Natalie fez uma torta de maça de-li-ci-o-sa! (O Dani me incumbiu até de pedir a receita!) Só que ela fez a torta e deixou no forno enquanto levava o filho até a estação de Blèrè, para ele pegar o trem para Tours. Só que, nesse dia, não tinha trem. Aí, ela teve que levá-lo até Tours. Resultado: a nossa torta ficou meio chamuscada, mas, mesmo assim, comemos metade!
A primeira parada de hoje foi Chambord, o maior dos catelos do Loire, também obra dos caprichos de Francisco I.
O castelo de Chambord era um refúgio de caça do rei. E no dia em fomos, em pleno ano de 2011, o acesso ao castelo estava fechado porque era dia de caça! Tivemos que dar uma volta bem grande, por estradinhas de mão dupla onde só cabia um carro.
O castelo é realmente enorme por fora, com quatro torreões, um em cada canto, e diversas torres no meio.
A visita não tem um percurso pré-estabelecido, o que dificulta um pouco, principalmente porque o castelo é quase um labirinto e gigantesco. Um quarto vai levando para outro e outro e outro.


A entrada principal é a sala de guardas, o hall em cruz de cada andar, que leva para os quartos. A escada é monumental e foi desenhada por da Vinci de modo que quem sobe nunca se cruza com quem desce.


Os tetos abobodados do hall da escada são todos esculpidos. Um dos detalhes é a salamandra, símbolo de Francisco I, além do F. Uma peça de Molière já foi encenada no château.
Do terraço, vemos de perto os lindos telhados e torres do castelo e a imensidão da propriedade e dos jardins que a cercam.


A parada seguinte foi a cidade de Blois, bem maior que estas outras. Visto do outro lado do rio Loire, a cidade é linda!

 Como já eram quase 15h, não tinha mais nenhum restaurante aberto. Então, comemos em uma boulangerie e fomos visitar o Château de Blois.
Este castelo é o mais interessante e bem decorado, incluindo piso, paredes, teto e mobiliário. Cada aposento foi remodelado com cuidado e atenção especiais! Ele tem um pátio interno, cercado por 4 prédios, um em cada estilo, de cada período e construídos por um rei diferente.
O primeiro prédio, em estilo gótico, do século XIII, tem a sala dos Estados, com paredes e tetos decorados e um trono (?). Tinha também algumas salas que mostravam como eram feitas as esculturas do castelo e adornos de parede e lareiras, primeiro em parte e, em seguida, juntadas e coladas.


A segunda ala é a flamejante, de Luis XII, do início do século XII, construída de pedra e tijolo.


Depois, vem a ala de Francisco I, do renascimento, com uma escada em caracol parecido com a de Chambord. Os apartamentos e aposentos decorados são espetaculares. Os quartos dos reis são lindos e foi aí que Catarina de Médicis morreu. Nesse castelo, tem tanto a salamandra de Francisco I quanto o porco-espinho de Luis XII.

A última ala, Gastão de Orleans, no estilo Clássico, de 1630, abriga exposições temporárias e congressos (imagina fazer uma convenção aí!).

Segundo o programa, iríamos direto para Saint-Malo, mas já eram mais de 5h e estava chuviscando. Então, achamos melhor não pegar a estrada e ficar em Blois. Passeamos pela cidade, vimos o comércio e jantamos no restaurante La Triboulette.
Novamente, aquele estilo bem francês, com o homem na cozinha e a mulher no salão. No início, só estávamos nós no restaurante e a mulher não parava de mexer na lareira, colocando mais lenha, atiçando o fogo. A gente até comentou que não precisava de tanto, que já estava bem quentinho. De repente, ela passa com o bifão cru do Dani e coloca em cima da grelha, na lareira. Ela fritou o bifé la mesmo!
Eu comi um prato de Saint-Jacques que estava espetacular!


2 comentários:

  1. Linda a viagem de vocês, Lulu! Vou anotar tudo para quando for conhecer a França!!! Esse seu caderninho de viagens virtual é delicioso de ler! Um beijo enorme!

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  2. Que pena que perdeu Chartre! Também queria muito ir para lá fazer uma homenagem ao Joseph Campbell. Você já viu como ele fala da cidade? Dá vontade de morar um mês lá. :))) bjs.

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